Um desenho animado com olhar irreverente e de humor negro sobre o conflito entre israelenses e palestinos está causando polêmica em Israel e no mundo árabe.
O desenho animado Ahmed and Salim, de autoria do artista gráfico Tom Trager e do editor de vídeo Or Paz, já tem seis episódios divulgados no site YouTube, de cerca de quatro minutos cada. A audiência já passou de 500 mil internautas.
"Ao contrário do que vocês podem pensar, não temos nada contra árabes, simplesmente não gostamos de gente em geral", anunciam Trager e Paz em seu site.
"Em caso de perguntas, ameaças de morte ou comentários, entrem em contato conosco", convidam os autores.
"Guitar Hero"
Os personagens principais de Ahmed and Salim são dois jovens palestinos, filhos de um "arquiterrorista", que, em vez de seguirem o caminho do pai, só se interessam por televisão e jogos de computador.
"Trata-se de uma série de situações cômicas sobre terroristas", dizem os criadores do desenho. "Todas as semanas criamos um episódio, com o objetivo de divertir e ofender a todos."
Em um dos episódios, o pai sequestra um menino judeu e o entrega a Ahmed e Salim, para que eles tomem conta do refém e o torturem.
O menino começa a chorar e diz que quer voltar para casa, "para sua família, seu quarto e seu jogo de Guitar Hero.
Imediatamente os três meninos se tornam amigos e começam a brincar com o jogo eletrônico, e Ahmed e Salim se esquecem de cumprir as ordens do pai.
No final do jogo, o refém diz que tem que voltar para casa, e os meninos palestinos respondem: "Tá bom, nos vemos no Facebook".
Quando o pai volta, ele fica furioso ao descobrir que os filhos deixaram o refém escapar.
"Barulho"
De acordo com os autores, o desenho animado "tem feito muito barulho na internet".
"Muitas pessoas gostam, mas muitas odeiam, é mais ou menos meio a meio. As reações são sempre extremas, ou gostam muito e nos dão cinco estrelas ou não gostam e só dão uma."
Os artistas ficaram surpresos principalmente com as reações no mundo árabe.
"O desenho despertou um grande interesse no mundo árabe", dizem. "Recebemos muitas mensagens de pessoas que gostaram e vários artigos foram publicados analisando nosso trabalho e afirmando que não somos racistas."
"Mas também há muitos jornalistas árabes que não gostaram e afirmaram que o desenho fortalece os estereótipos contra os muçulmanos."
O objetivo de Trager e Paz é criar um seriado para televisão, mas até agora nenhum canal demonstrou interesse.